domingo, 17 de agosto de 2014

da série: meus marcadores

Adiciono marcadores mentais aos aprendizados sobre mim, sobre os outros e sobre a vida. E tento frequentemente relacioná-los a atitudes e situações difíceis que aparecem na minha rotina. Quão psicodramático isso parece? Não sei, cara! Não sou terapeuta, ok?

Esta manhã, enquanto pendurava roupas no varal, lembrei de alguns deles e percebi que todos os marcadores que mantenho sob a categoria amarelo piscante surgiram de relacionamentos. Ah, os relacionamentos! "O amor é importante", concordo. Mas, e os relacionamentos de modo geral? Aqueles simples, sem rótulos imediatos e complexos de amor, paixão ou luxúria. Quão importantes são eles para nós?

Eu, respeitadora da “tradicional escola budista Tibetana da seita tântrica do chapéu cor de papel”, acredito que relacionamentos são tão, tão, mas tão importantes para nós, que geralmente se elevam à potência máxima de prioridade na vida quando você está sozinho. Sim, sozinho! Sem eles! Você só vê isso com necessidades básicas do ser humano, né não? Maslow que me desculpe, mas, mesmo que na base da pirâmide haja sexo, que conceitualmente depende de mais alguém, esperar o terceiro patamar para precisar de relação com terceiros, afeto e sensação de pertencimento a um grupo hoje em dia? Sei não, tem que ver issaê... Enfim, deixo as divagações de lado e tento arranhar meu argumento:

Meu marcador mais recente é sobre “morar sozinha”. Há pelo menos um ano embarquei nessa de conviver comigo mesma em um espaço de 20 metros quadrados. Não entrei em depressão [pelo menos não profunda], não fali financeiramente [este mês] e não fui expulsa do prédio [ainda], o que já é ótimo. Mas, daqui do meu cantinho, de onde saio para encontrar as pessoas de carne e osso, e para onde volto - às vezes com pessoas que considero que aguentam dividir essa metragem comigo -, marquei mais um aprendizado: o de que saber se relacionar é tão importante quanto saber [de fato] ser sozinho.

Tenho fé de que conhecer a si mesmo permite a compreensão plena do outro. Respeitar suas próprias vontades torna possível o entendimento dos desejos individuais do coleguinha. Conviver no unilateral traz reflexões sobre o conceito da reciprocidade, e te faz perceber que ela não é obrigatória. E por aí vai... Os antônimos vão deixando, muito lentamente, de te contrariar para te fazer pensar, ponderar, respeitar os outros e a si mesmo.




domingo, 3 de agosto de 2014

Novos templos

Minha ideia-mor de comunidade é a que aprendi ainda na infância e com forte influência do cristianismo. Na verdade, a partir do convívio com um pároco da igreja católica que, diferente do que vemos por aí:

• não cobrava por sacramentos e não se dobrava sem questionamentos ao que ordenava a diocese;
• reforçava, sim, questões sociais e políticas na homilia [esclarecimentos e conselhos a partir da análise do evangelho], fazendo com que nos preocupássemos com o que estava acontecendo no bairro, cidade, estado ou país;
• preferiu viver em um barraco na favela México 70, em São Vicente, a usar a casa paroquial cedida pela diocese;
• levantava recursos para as suas igrejas por meio de rifas e de ações que nunca apelaram para insistentes pedidos de doações e dízimos;
• construiu, literalmente com os pedreiros das comunidades, cerca de 10 capelas em São Vicente; o que possibilitou à diocese dividir as regiões e criar mais uma paróquia na cidade (!).

Só hoje fui ler a primeira linha sobre o Templo de Salomão. Estava com preguiça. Respeito crença, fé, religião e doutrina; e essa é a única razão pela qual preferi compartilhar a minha concepção de igreja em vez de tentar descrever o sentimento que tenho ao ver a ostentação dos templos, sejam eles quais forem, e as suas artimanhas.

sábado, 2 de agosto de 2014

Má ôe!

a história é sempre a mesma: elas acham que estão engatando um relacionamento bacana e vão se mostrando, se entregando. eles...

- eles o que, minha filha? tu tá doidona? não tem ninguém aqui, não!

não é necessário reunir mais do que duas mulheres para ouvir uma história de chá de sumiço, a estratégia masculina de desaparecer da vida das mocinhas por motivos de:
  • não estou interessado em um relacionamento – geralmente informado à garota quando ela procura o cara depois de um desaparecimento de duas semanas; afinal, era melhor respeitar o espaço dele;

ou
  • caguei mesmo e não vou perder meu tempo parando pra te explicar por que já tô em outra–interpretado pelas mulheres após a ausência de respostas nas plataforma social toda que mostram a última vez que o cidadão visualizou as tentativas de contato. ~ maldita tecnologia acabando com a autoestima da geral.

aí a moça se recompõe, coloca os hemisférios norte e sul do cérebro pra trabalhar a fim de entender que porra deu errado. em tempos de copa, há quem diga: “o que deu errado é que as bolas não entrou!”. e dessa frase [que admito só ter usado por ser a minha preferida do #tatendocopa], o único significado que orna aqui é: não importa o malabarismo que tu fez, mina. não foi suficiente.

e é essa sensação de não ter feito o máximo, de ter culpa no cartório, de ter cobrado demais, de ter dado espaço demais, de ter sido transparente, de ter omitido sentimentos, de ter cagado no maiô ou, até mesmo, peidado na farofa que deixa as mulheres doidinhas. sem eira nem beira. sem saber como lidar com o próximo fanfarrão que vai colar na grade pra fazer senhorita pagar de louca.

porque sim, só podem ser loucas essas mulheres que acreditam que o interesse é verdadeiro e vai durar mais de um mês. doidas. doidas demais.