terça-feira, 29 de abril de 2008

percussão marombada

[sussurro] tiquetaqueando

procuro dos lados, olho, vejo, mas não enxergo
se viro de costas, estranho, sei que não espero

se tenho certeza, ela não passa, vai embora
prefiro incerteza, assim de longe vai-se a hora

não tenho dinheiro, talvez não tenha nem emprego
tamanha indecência, jamais eu li nesse contexto

com boca aberta grito, sufoco e esbravejo
com boca fechada, talvez não veja tanto o medo

sentidos são sempre mais forte que eu
cabeça é só membro de corpo plebeu
naquela semana não tive porquê
só sei o que houve, no mundo ateu

embora não pense no que aconteceu
sentindo sentidos sabidos preguei
se Sartre existe no berço que é meu
não quero mais...
mais peça de museu.

[falta de sono]

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Um sintetizador... alguém... ? Alguém mais... ?

Quando reclamei do silêncio, o gato da Bilá voltou a miar desesperadamente e o motor da geladeira voltou a trabalhar. Dificilmente ele some por completo. A respiração ou a mente insana trabalhando não permitem. Agora mesmo o ventilador e o teclado agem. Ah! Tem também uma veia estranha que cismou em pulsar no meu braço esquerdo, mas acredito que elevar isso a condição de barulho é um problema da mente insana que tá trabalhando.
Ruídos atrapalham mais que barulhos, não? Eu acho. Não consigo parar de pensar na droga da veia.

sábado, 5 de abril de 2008

pedacinho de mundo

Muro baixo e portão aberto. A vila não era perigosa. Todas as tardes todos sentavam-se às portas para terminar a tarde, que havia passado embaixo dos olhos de siesta. Com o ventinho frio da noite os mais jovens faziam fogueiras, os mais velhos se recolhiam. Esse era o momento ideal de falar de qualquer coisa. Apontar e dissertar sobre a constelação mais bonita, lembrar de histórias contadas na infância e rir de piadas sem graça. Tudo no mesmo ritmo, sem pressa...