quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

le la le le ô - fácil manipular

Ele entrou, olhou para os dois lados procurando. Encontrou.

Ela passava a mão direita nos cabelos, as pernas juntinhas respeitavam a saia e o olhar longe observava a praia, que passava rápido pela janela.

Ele se sentou e tentou não tocá-la, encostando-se cuidadosamente no banco.

Perto, percebeu o blush no rosto dela. Um pouco forte, mas era agradável ver aquele tom rosado em uma manhã tão sem graça.

Assim que ela o olhou, soletrou “bom dia” com um belo sorriso, ele retribuiu movendo timidamente os lábios.

Então começaram... Primeiro o tempo, depois, o clima, a orla, o ônibus, o povo, o governo, a cidadania, as pessoas, os relacionamentos, as tristezas, o desabafo.

Ela era realmente uma boa ouvinte. Falava nos momentos certos e mantinha a atenção no desabafo dele, que falava tristemente da doença de sua mãe.

Depois que ela lhe disse algumas palavras de conforto, ele fez menção de levantar; pode ver de novo o sorriso no rosto dela. Agora a mensagem foi dita:

- Vá com Deus meu filho, e que o Senhor esteja sempre com você! – disse a senhora, ajeitando novamente os lisos cabelos brancos que saíam de trás da orelha.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Pairando em outro lugar

Ela abre o jornal. Do cinza, só consegue extrair o passado. Boas sensações, prazeres. Não vê, não lê. Apenas pensa, imagina, sente.

Perde-se em devaneios, mas não pensa no futuro, não idealiza. Sonhar é uma realidade imediata, que some ao primeiro toque de telefone. E volta sem aviso, quando outra cor retoma o cinza.