Ela coloca no chão a sacola pesada e com a mão livre afasta o cabelo do rosto. No outro braço segura o bebê que dorme suado, cansado de ser carregado sob o sol. Ela inspira e ergue a cabeça.
- Chegamos! - diz para o mais velho. Ele tem apenas 11 anos, mas já sabe como ajudar.
Enquanto ela espera, ele empurra com o ombro o pequeno portão de madeira e também coloca a sacola que trouxe no chão; assim consegue segurar o portão, mantendo-o aberto. Os dois irmãos do meio passam correndo. A mãe espera.
Do lado de fora só é possível ver os dedinhos, depois de alguns segundos, surge o rosto curioso:
- A senhora não vai entrar?
Ela não se mexe.
- Mãe?
- MÃE? - grita o menino.
Só então ela acorda.
- Sim! Já estou indo!
Ela caminha devagar. Desta vez, é o menino quem espera.
A mãe passa, ambos viram e se entreolham.
Há uma semana não vendiam nada. As sacolas com os panos bordados voltavam carregadas dia após dia.
A mãe era toda dúvidas: como alimentá-los, como melhorar? Mas também era sabedoria.
Ela continuou a olhar para o filho e sorriu de modo afável.
- Vamos, filho! Entre e encoste o portão. Amanhã começam as aulas, você precisa acordar cedo.
O menino balançou a cabeça, entendeu e obedeceu.
Obedeceu todos os dias.
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